por Tito Araújo

Tito é Anestesista e também atua em Clínica Médica na METAZOA. 

É médico veterinário formado em 2011 pela Universidade Estadual do Norte Fluminense, com Especialização Lato Senso em Anestesiologia, em 2016.

Muitas pessoas têm receio de submeter o seu pet a um procedimento cirúrgico, em grande parte por causa do medo da anestesia.

Isso é compreensível pois sempre existe um risco envolvido, mas é fundamental entender que o risco é minimizado quando são criteriosamente seguidos os procedimentos anteriores à intervenção cirúrgica, durante e após a cirurgia; e mais do que isso, que o ANESTESISTA acompanhe o animal e perceba as reações de seu organismo durante todas as fases da anestesia.

Veterinário e Pet em início de procedimento
monitorização do cão

Além de monitorizar os parâmetros como pressão arterial e temperatura, entre outros, o veterinário observa o animal e percebe suas reações.

Exames Pré-Operatórios

Quando uma cirurgia é indicada, o anestesista avalia os resultados dos exames pré-operatórios e o risco cirúrgico de cada paciente individualmente. De acordo com os resultados desses exames procede-se com a marcação da cirurgia ou podem ser necessários exames complementares, que variam com a idade, gravidade do quadro e doenças concomitantes de cada paciente.

Dois médicos fazendo uma cirurgia em um cão
Cadela Staffordshire Bull Terrier no dentista

Durante a Cirurgia

No dia marcado para a realização da cirurgia o tutor recebe informações importantes sobre os procedimentos que serão realizados e o anestesista faz uma última avaliação no quadro clínico do animal.  Existem inúmeras técnicas anestésicas disponíveis bem como drogas anestésicas variadas que podem ser utilizadas caso a caso, mas a principal atuação do anestesista durante uma cirurgia não está relacionada com a técnica ou a droga mas sim com o controle sobre os sinais vitais dos animais, por meio da monitorização e acompanhamento contínuo desses parâmetros.  Assim, enquanto o cirurgião está concentrado em executar a técnica cirúrgica com excelência, o anestesista está focado em manter todos os parâmetros (como a frequência cardíaca, a pressão e a temperatura, entre outros) dentro da normalidade e intervir no caso de alteração em algum deles. Por isso se diz que o médico anestesista (humano ou veterinário) é quem tem a vida do paciente nas mãos.

Durante a Recuperação

Passado o período transoperatório inicia-se a fase de recuperação anestésica, na qual o animal continua sendo monitorado pelo anestesista, até que possa recobrar a consciência e esteja apto a ir para casa ou continuar internado para observação, dependendo de cada caso.

Cadela acordada ao final da anestesia

Após o procedimento cirúrgico o anestesista mantem o animal conectado ao monitor e espera até que suas reações mostrem que o animal está acordado e bem.

E A ANESTESIA INALATÓRIA

Em relação à “anestesia inalatória” existe um certo desconhecimento e é importante mencionar que até a década de 90 o emprego de anestésicos voláteis (anestesia inalatória) não era tão acessível como é hoje na medicina veterinária, e a anestesia geral era realizada basicamente pela técnica de anestesia total endovenosa (anestesia venosa).  Conforme foi sendo introduzida nos protocolos anestésicos a anestesia inalatória ficou conhecida como sendo mais segura do que a anestesia venosa, mas isso não é verdade, já que ela não veio para substituir a anestesia venosa e sim complementá-la. Um fato que comprova essa afirmação é que as drogas anestésicas mais modernas são administradas por meio de bombas de infusão contínua, simultaneamente à administração de anestésicos inalatórios.

Vou terminar com uma frase que resume nosso pensamento em relação à anestesia.

“Não existem anestésicos seguros, não existem procedimentos anestésicos seguros. Existem apenas anestesistas seguros.”

Robert SmithMDa
Cadela de médio porte após o procedimento anestésico